Laboratório de Curadoria na #UmbigoLAB apresenta “Daí esta escadaria infinita” — a primeira exposição online no âmbito do projeto de colaboração com o Colégio das Artes. Curadoria de Daniel Madeira, Mafalda Ruão e Sónia Honório, um diálogo entre os artistas Bárbara Bulhão, Carolina Serrano, Diogo Costa, José Taborda, Mafalda Santos, Marcelo Moscheta, Margarida Alves, Nuno Sousa Vieira, Pedro Pedrosa da Fonseca, Rita Gaspar Vieira, Rui Horta Pereira, Teresa Carepo e Zé Ardisson.

Muro para conter reflexões (2019) | Mafalda Santos artista
Mafalda Santos- Muro para conter reflexões (2019) papel impresso e madeira, 230x350cm, largura variável

“Quem és? – perguntou Zaratustra com veemência – Que fazes aqui? E por que dizes que és a minha Sombra?

Não és nada agradável.”

“Perdoa-me ser o que sou – respondeu a outra – mas sou com efeito a tua Sombra e se te desagrado, pois bem, ó Zaratustra, eu aprovo-te e felicito-te pelo teu bom gosto.”

em Assim falava Zaratustra, Friedrich Nietzsche (1883-1891)

“Lemos na última edição da Spike Arte Magazine (nº 66), nas palavras de Nicolette Polek, que a religião jamais poderia ser substituída pela arte. A primeira ensinaria a ser, enquanto que a segunda proporcionaria experiências de ser. Julgamos ter lido que apenas a religião permite a ação e a graça, ato-contínuo do caminho para a vida eterna. Cremos, por irónica que pareça esta expressão, que foi dito que a arte é uma mera sombra da religião, melhor: substituir a arte pela religião seria substituir a forma pela sua sombra, uma sombra evidentemente permeável à luz.

Não podemos permitir que a arte seja esta sombra do incerto. Se a arte for a sombra do divino, é-lhe autónoma, vale per se. Uma sombra sem necessidade corpórea e capaz de devolver a luz.

E se à arte atribuirmos essa distinta forma de luz, a essa sombra, elogiamos. Não é ela equivalente da verdade, mas é aquela que reverte a força da luz que tudo arrasta e submete. Que tudo iguala. O desígnio pela eternidade não encontrará respostas no facto, na forma e no conhecimento, antes na ausência positiva de cânones, rastilho capaz de elucidar o subtil e o simbólico, a verdadeira iluminação formadora de beleza e individualidade, como nos diz Jinichiro Tanizaki.

Encontrámos nas palavras de Cruzeiro Seixas a melhor forma de nomear este caminho (im)possível, indefinido, a tal “escadaria infinita”.”

Daniel Madeira, Mafalda Ruão e Sónia Honório

Alunos do 2º ano do Curso de Mestrado em Estudos Curatoriais do Colégio das Artes, Universidade de Coimbra

Parceria UmbigoLAB e Colégio das Artes_UC

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