Situação 21 | Miguel Von Hafe Pérez | Mafalda Santos artista | Galeria Presença
Situação 21

O projeto ”Situação 21” resulta de um trabalho colaborativo entre seis galerias da cidade do Porto, e terá o seu primeiro momento de apresentação com a exposição coletiva “Histórias com amanhã – uma cartografia solidária da relevância das galerias do Porto”, comissariada por Miguel von Hafe Pérez.

Inauguração dia 15 de abril, entre as 15 e as 20 horas.

Situação 21
Histórias com amanhã – uma cartografia solidária da relevância das galerias do Porto

De 15 de abril a 5 de junho 2021

Galeria Fernando Santos
“Contemporâneos Extemporâneos”
Cu
radoria: Andreia Garcia

Ana Vidigal, António Olaio, Avelino Sá, Bosco Sodi, Cristina Massena, Cristina Mateus, Daniel Barroca, Filipe Cortez, Hernâni Reis Baptista, João Louro, Jorge Perianes, Luísa Salvador, Mariana Caló e Francisco Queimadela, Gerardo Burmester, Inês Teles, Teresa Esgaio, Pedro Cabrita Reis, Pedro Huet, Rita Senra

Galeria Nuno Centeno
“Os conviventes”
Curadoria: Pedro de Llano

Merlin Carpenter, Mauro Cerqueira, Adriano Costa, Ángela de la Cruz, Stephan Dillemuth, Dalila Gonçalves, Alisa Heil, David Lamelas, Gabriel Lima, Fernando José Pereira, Silvestre Pestana, Carolina Pimenta, Josephine Pryde, Blake Rayne, Gretta Sarfaty, André Sousa

Galeria Pedro Oliveira
“We Want Electricity”
Curadoria: Susana Lourenço Marques

Carlos Lobo, João Paulo Feliciano, Lee Ranaldo, Luís Palma, Patrícia Almeida, Pedro Magalhães

Galeria Presença
Pontas duplas / Split ends
Curadoria: Aida Castro

Helena Almeida / Álvaro Lapa, Mafalda Santos / Gustavo Sumpta, Miguel Palma / Elisa Pône, Diana Geiroto Gonçalves / Carlos Mensil e Colectivo SEM-FIM [Beatriz Sarmento e Yasmine Moradalizadeh] / Noé Sendas

Galeria Quadrado Azul
“Ária do encanto – uma flor que talvez não distinga o céu e a terra”
Cur
adoria: Luís Pinto Nunes, Luís Albuquerque Pinho

Alberto Carneiro, Álvaro Lapa, Ângelo de Sousa, Diana Carvalho, Fernando Lanhas, Francisco Oliveira, Francisco Tropa, Isabel Carvalho, João Marçal, João Pais Filipe, Mariana Caló e Francisco Queimadela, Mariana Barrote, Musa Paradisíaca, Pedro Tropa, Sam Baron, Sara Graça, Zulmiro de Carvalho

KUBIKGALLERY

Uteropias”
Curadoria: Samuel Silva

Catarina Real, Luis Ramos, Pedro Tudela, Salomé Lamas, Samuel Silva, Sérgio Fernandes, Valter Ventura

Situação é o primeiro momento de uma iniciativa que se deseja continuada, fortalecida e eventualmente mais abrangente no futuro.

Seis galerias da cidade decidiram unir esforços nesta conjuntura social e economicamente desafiante no sentido de alicerçar a convicção na inevitabilidade
da atividade cultural, quaisquer que sejam as circunstâncias. Este é um evento que sublinha a importância das galerias no seu trabalho desenvolvido, bem como a pertinência da sua ação num sentido prospetivo, ao demonstrar abertura e curiosidade perante o contexto.

O apoio material e institucional concedido à iniciativa pela Câmara Municipal do Porto inscreve-se com justeza na perceção generalizada da qualidade do trabalho destes agentes culturais, bem como na sua ação determinante na reconfiguração histórica do panorama nas últimas três décadas (algo que a exposição promovida recentemente pela Galeria Municipal, Que horas são que horas: uma galeria de histórias veio meritoriamente por em evidência).

Para além do vínculo primordial com os artistas que representam e expõem, as galerias de arte são produtores culturais que envolvem uma miríade de profissionais na sua atividade: curadores, tradutores, montadores, transportadores, técnicos de som e imagem, fotógrafos, moldureiros, designers, entre outros. São, assim, motores de uma economia local e nacional que está por detrás da simples exibição de obras de arte.

Acresce que funcionam como elemento central na pedagogia continuada da arte contemporânea. Paralelamente à atividade inicial da Fundação de Serralves, nos anos noventa do século passado, foram as galerias da cidade que permitiram que o público tivesse contacto com uma série de exposições e artistas internacionais. Este fator viria a ser determinante na criação de uma massa crítica que consolidou a ideia de um cosmopolitismo que a cidade hoje em dia é capaz de demonstrar.

Muitas das coleções públicas e privadas devem uma parte significativa da sua essência à oferta que as galerias da cidade souberam potenciar num mercado apesar de tudo incipiente e estranhamente volátil.

Este continua a ser um desafio primordial: a recuperação de um tecido de colecionadores que já foi mais forte no passado, mas que se quer rejuvenescido e mais diversificado. Se, por um lado é necessário articular estratégias para resistir ao deslocamento de importância, neste setor, do Norte para o Sul, também é urgente pensar incisivamente numa mudança de paradigma a que hoje em dia se assiste, nomeadamente a atração que as leiloeiras exercem sobre os colecionadores num contexto de crescente internacionalização e digitalização do mercado.
As galerias são motores de inovação, produção e criatividade. Se antigamente subsistia uma noção de que o trabalho do galerista se limitava a ir buscar obras já realizadas aos ateliers dos artistas, importa referir que a maior parte da nova produção dos artistas contemporâneos acontece precisamente porque as galerias o permitem. Este ponto é muito importante, pois hoje em dia parece que só as encomendas institucionais levam à produção de obras novas de algum fôlego, quando muitas exposições no enquadramento galerístico apontam exatamente nesse sentido.

As galerias são, também, um dos mais decisivos agentes de internacionalização dos artistas nacionais: a presença continuada em feiras no estrangeiro foi, e continuará a ser, esperando que as condições económicas assim o permitam, um elemento crucial nessa visibilidade acrescida. Como comissário convidado pelo núcleo de seis galeristas desta primeira edição da Situação, foi-me pedido para estender o convite a seis curadores para se responsabilizarem pelos projetos em cada uma das galerias. O convite pressupunha um trabalho que não só integrasse os artistas de cada uma das galerias, mas que também incorporasse outros autores (de preferência da cidade).

Não me querendo substituir a juízos futuros, não poderia estar mais satisfeito com o modo como as respostas foram articuladas para cada uma das galerias: a aposta num diálogo profícuo com autores geracionalmente distantes, irradia a riqueza de que se nutre a história, donde se alimentam estas histórias com amanhã, com as galerias da nossa cidade como protagonistas.

Situação acontece com um atraso substantivo relativamente ao previsto devido à condição pandémica que atualmente vivemos. Mas acontece! Que este seja um sinal de que todo um setor se reerguerá das condições difíceis a que se está ver sujeito e que continue, com maior consciência ainda e se possível, da importância que detém no bem-estar e empoderamento cívico na sociedade contemporânea. A cultura não é acessória e descartável. É, antes, um garante de futuro, de compromisso com visões do mundo que o tornam mais complexo, denso e habitável. Precisamos dos artistas para nos ajudarem a conviver com essa complexidade contemporânea. E, por extensão, precisamos de uma das suas casas, as galerias, para lhes dar visibilidade.”

Miguel von Hafe Pérez — Comissário Situação 21

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